quinta-feira, 23 de abril de 2009

A DENGUE: UMA HUMILHAÇÃO SEM PRECEDENTES

Na segunda feira quando fui primeira vez confirmar a suspeita da dengue, a triagem do Barral ignorou vários testes por entender que isso era “besteira”. Invenção de quem criou uma ficha tão complicada, completou a funcionária. (notei ai que eu não estava entrando numa unidade de saúde, mas no "matadouro"). Em seguida, o médico sem avaliação nenhuma passou apenas a famosa dipirona que qualquer açougueiro do bairro tendo também pode "medicar" e pediu pra eu tomar por quatro dias. Ao chegar em casa li a receita e fiz as contas das pílulas e só dava para um dia e meio (seis cápsulas de 6h/6h). Será que em tempo de crise tão fazendo contingenciamento de remédio em momento tão emergencial? Depois de tomar algumas pílulas complementares dadas pela família da namorada resolvi voltar na Unidade de Saúde Barral e desta vez fui bem atendido pela triagem com todas as etapas e o médico foi excelente, usando os instrumentos que a gente só vê dependurado no pescoço dos médicos de enfeite. Mas, desta vez o problema foi a tal de dipirona em cápsula que me levou a segunda consulta que não tinha. Ai fui até o tucumã e lá também não tinha. Agora me digam: Pode um negócio desses? Que prioridades ou planejamentos estão sendo feitos para evitar o caos de um Estado que apresenta um dos maiores índices per capitas do Brasil? O Dia “D” no Plano Nacional em anos passados parece ter se transformado em “Dia da Duplicação” de casos ano a ano. E, ao verificar os boletins do Estado, percebe-se que de fato somos apenas números (estatísticas) que não revelam o sofrimento, as seqüelas, os prejuízos de quem contrai a dengue. Nosso conjunto habitacional nem aparece. Assim meus amigos e parentes e vizinhos que ficaram doentes não representam nada. Eu por exemplo, se entender que só entro nas estatísticas se fizesse os exames comprobatórios, fiquei de fora. Assim ajudei a “camuflar” a realidade dos dados involuntariamente. Fui duas vezes, pedir ajuda e tratado com sintomas da dengue, mas evitaram as etapas conclusivas. (http://www.agencia.ac.gov.br/images/stories/downloads/boletim_sem_15.pdf)
E nem dizem o que a gente tem. O “mistério” é total. Mas, a vida continua. Hoje acordei no quinto dia de dengue. Nem acredito que depois que esse trauma e pestilência assolou nossa residência em 2004 voltou a fazer estragos na redondeza. O que não entendo enquanto ardo em febre é porque nós acrianos "sabemos fazer tudo certinho", conforme demonstra a mídia e ainda assim a gente é surpreendida pela famigerada dengue. (Me faz concordar com o link http://www.linkk.com.br/story.php?title=Dengue_o_nome_do_mosquito: Parece uma das dez pragas do Egito. Aliás, até pelo nome científico do mosquito transmissor: Aedes Aegypti, Casa do Egito). Se sabemos colocar areia nos vasos de flores quando tem; emborcamos latas velhas ou são perfuradas pelos agentes estas existem (são sempre jogadas no lixo); não deixamos vasilhas com a tampa aberta quando podemos ter e ainda recebemos periodicamente os agentes em nossas casas... então aonde está o erro? A gente continua ano a ano sendo vítima desse inimigo invisível (afinal poucos são os que conseguem matar seu verdadeiro algoz no ato da picada)? E o debate sobre a infra-estrutura? Estão fazendo pouco para tanto que vem todos os anos para o combate da dengue. Ao invés de reduzir estão é nutrindo a manutenção e até aumento dos índices. E mais, se tivessem interessado na infra-estrutura atenderiam ao clamor do povo que vive com água em suas portas. Ah! alguém vai me dizer que o problemas de quem está na baixada é estrutural e que este está em zona não regularizada pela prefeitura, digo: e como fica quem mora na região alta do Distrito Industrial como eu que tenho insistido para o poder público municipal consertar seus desastres de drenagem que fica bom para uns e cria problema para outros. Desde 2008 que me prometem e nada. Agora já é tarde. Fiz o que pude para fugir da dengue mais não deu. O poder público foi surdo pra mim e para milhares de cidadãos rio-branquenses que nem tiveram tempo de identificar suas fragilidades.
Só de caramujo africano a gente perdeu a conta de quantos quilos recolhemos e destruímos com sal de um quintal de apenas 10,5x25. É bom que fique bem claro que meu terreno nunca teve esse problema de drenagem. Anos atrás com serviços de pavimentação e drenagem no rui Lino e Jardim Brasil acabaram com a gente. Agora é água no quintal o tempo todo e a tampa do ralo sempre com uma lâmina d’água que não escoa. Que presente de grego que ganhei. Passei muito tempo esperando. Adoeci sem ninguém responder minha angústia. Agora isso não vai ficar impune não. Vou lutar para que o discurso falso do poder público de “borrifar perfume em mosquito” passe para uma fase séria. De melhoria das condições das moradias e do padrão de vida do povo da periferia.
Ei! Será que a gente vai ficar assistindo inertes às frases da propaganda estatal sem dizer nada? Em uma dela podemos ouvir: "Eu já fiz minha parte, num sei se vizinho está fazendo". O aparato governamental está transferindo sua culpa pra cima dos nossos lombos. Cada um vai se tornado vítima e a culpa com olhar desconfiado é para o vizinho que não fez sua parte. Ora o poder público atribui ao clima a culpa e outras vezes à própria população como sempre. (http://www.ac24horas.com/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=3471), conforme o próprio Ministro da Saúde declarou no Jornal o Globo dia 05/03/2009. A dengue talvez funcione como o maior oposicionista "oculto" ao governo. Afinal, desnuda as “práticas de coronéis à moda nordestina” de maquiar o físico. Eu num quero tomar o lugar oposicionista deste mosquito porque afinal de contas ele não acompanha a tendência da política. Porém não posso dizer que ele é apolítico, afinal ele só se desenvolve bem onde as políticas públicas foram ausentes na essência do problema. Enquanto isso, homens e mulheres com estaturas diferenciadas estão se prostrando involuntariamente de forma humilhante por culpa daqueles falam muito, mas desviam o assunto rápido. Eita alagação trágica pra “vir numa boa hora” pra mudar de assunto hein! E o povo ó!!!!!

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