terça-feira, 25 de dezembro de 2018

A letter from a wretch to Santa Claus


Uma carta de um pobre para o Papai Noel
Certa vez, um catador de lixo de Rio Branco (na figura de todos que vivem assim no Brasil), resolveu mandar uma carta para um morador ilustre da Finlândia:
Papai Noel, 
Sei que estás ocupado com tantas entregas de presentes no mundo, mas queria muito que quando tiverdes um tempo, leia esta carta de alguém que um dia já foi criança.
Lembro-me que todos os anos esperava sua passagem pela chaminé como nos desenhos para deixar meu presente e nunca lhe vi. 
Tempos depois, descobri que as casas do Norte e Nordeste e outras cidades com clima quente não usam chaminés e que os presentes que eu ganhei não foram da Finlândia, mas brinquedos jogados no lixo pela elite que não tem coragem de doar nada para os mais carentes.
Meus brinquedos meu pai trouxe do antigo lixão da Estrada Transacreana, ao qual toda família sobrevive de lá há décadas.
Até hoje não entendo porque visitas apenas as casas de ricos que esbanjam dos melhores presentes e comidas para ao final da festa jogar tudo fora.
Ainda tenho boas recordações de frangos inteiros e pedaços de peru que jamais teria comido na minha infância se não fosse as sacolas jogadas no lixo recheadas de guloseimas.
Ah Papai Noel..., porque não olhas para as periferias em que as crianças estão sem ter o que comer e sem abrigo no natal? Porque não deixas de lado a opulência do litoral para visitar as crianças vítimas do Polígono das Secas? Ajude as vítimas das alagações; das queimadas; dos sem tetos; das crianças sem pai; dos moradores de lugares longínquos da Amazônia; daqueles que estão em palafitas; dos que moram no sul e não compram carne porque o custo de vida não ajuda; daqueles que são vítimas do medo nas regiões de morro; dos que sofrem todo tipo de preconceito, violência e marginalização da sociedade.
Porque não deixas os centros das Grandes Metrópoles e andas por onde o poder público não se importa com a infraestrutura nem com a qualidade de vida dessas populações? Visites as famílias dos milhares de lixões espalhados Brasil afora; Vem dar teu ar da graça no Papouco e na Cidade do Povo aqui no Acre.
Não quero pedir muito não Papai Noel... Apenas que ajudes a desconstruir essa cultura da gastança que corrói o bem estar daqueles que nada tem. Que apenas olha as vitrines e nada pode comprar; Que só contempla a beleza dos pisca piscas nas ruas; Que sente o coração partido ao ouvir o Jingle bell noturno nas casas anunciando o início dos banquetes que não posso fazer e nem posso participar; Que faças uma campanha pelo não extravio de comida e bebidas.
Enfim, gostaria que o Natal das famílias fosse da fraternidade e felicidade e não do egoísmo. Que Jesus seja o centro de tudo e não uma festa pagã com ênfase ao Papai Noel. Desculpa se te ofendi homem das renas, até porque não existes como ente mágico, mas estás vivo no coração ambicioso de cada capitalista que mercantiliza e precifica até os sonhos da gente, mantendo teu endereço da manutenção da ilusão na Finlândia.
Repense sua jornada Papai Noel e até 2019.  
Revisão: Gleice Mesquita


segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

The Christmas of Fear and Uncertainties in Acre - Brazil


O Natal e Ano Novo do medo ou incertezas: Frustrar expectativas é a pior coisa que tem para um ser humano. O “feliz natal” com a cabeça na lua não foi fácil.
Falar de Natal e Ano Novo do medo parece um tanto paradoxal, mas não é. O medo não desaparece nesta data porque as pessoas continuam padecer fome, sede, injustiças e sem uma mesa de ceia e lugar para dormir ao anoitecer. Há ainda as crianças, mulheres e idosos que vivem refugiados de guerra em abrigos que as condições não lembram nada o conforto de quem esperava os presentes do Papai Noel ou uma esperança palpável de dias melhores no ano novo que se aproxima.
Quando pensamos no Estado do Acre que a população passou o Natal e aguarda o Ano Novo economizando com receios de não receber o 13º, logo, entendemos o quanto uma incerteza gerada por um governante afeta os planos das famílias e da cadeia de consumo. Faz muito tempo que os trabalhadores não passam por uma situação de incerteza desse nível.
Quando foi anunciado pelo governador que o Décimo Terceiro Salário dependeria de repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE), desanimo geral! Deixou apenas a esperança que os setores com recursos federais como a educação receberiam e os demais eram incertos. Agora imaginem: Quem vai fazer gastança nestas condições? Quem vai convidar os outros para uma festa de omeletes, estando o ovo ainda dentro da galinha?
É evidente que um natal junto com a família, seja qual for a classe social, estando com saúde e em paz com todos, é de grande valia. Mas, não é tão simples assim pintar uma aquarela numa nuvem negra.
Frustrar expectativas é a pior coisa que tem para um ser humano. O “feliz natal” com a cabeça na lua não foi fácil. Isso significou mudança de planos. Foi adiada para outra data a visita do Shopping com os filhos; Ter paciência para esperar o fim da indefinição do 13ºpara comprar o material da reforma da casa; replanejar a viagem; tirar o peru do cardápio; substituir a cerveja por bebida forte e até ir à igreja para pedir ao próprio Senhor Jesus que ilumine os caminhos dos políticos de nosso Estado. Afinal, se já está batendo na trave o pagamento dos servidores agora, quanto mais no futuro.
Nenhuma hipótese pode ser descartada sobre o caos que se instalou no Estado que deixou o Natal mais pobre e o Ano Novo incerto. Será que o governador vai por a culpa no "Michel Temer golpista" para justificar o não pagamento? Se isso acontecer, a batata quente vai cair no colo do futuro governador Gladson Cameli (PP) que vai precisar de muita sabedoria e jogo de cintura para tentar contornar isso, antes que o povo diga: “tenho saudades das panelas do Egito...”(PT)
Deus abençoe nossa terra e nosso povo em 2019



sábado, 22 de dezembro de 2018

Dies with the PT the chance of Chico Mendes' socialist dream in Acre - Brazil


CHICO MENDES MORREU DUAS VEZES
No mundo inteiro, em dezembro, mais precisamente dia 22 deste mês, são feitas referências ao líder seringueiro Chico Mendes, dada sua luta pela vida na floresta, num contexto mais amplo.
Apesar de ter recebido até o Prêmio Global de Preservação Ambiental da ONU, nunca teve uma casa adequada para os padrões urbanos, ao ponto de ter sido vítima de uma tocaia ao sair à noite para seu banheiro externo.
Foto: Keryma Lourenço/National Geografic, dez. 2018
Então, num primeiro e fatídico momento de 1988, temos a primeira morte – a física – de Francisco Alves Mendes Filho que, segundo investigações, feita a mando de fazendeiros que não concordavam com sua política em defesa das florestas, o que punha em conflito os interesses expansionistas de derrubadas/queimadas/campo/gado.
Na época, sua morte causou comoção no estado pela forma covarde de seu assassinato. No entanto, a figura dele como ambientalista, “cercado” por gringos, sempre dividiu a opinião da sociedade.
Eis que nos sobrevém, então, a segunda morte. Desta vez, ideológica, pois desaparecem os ideais de igualdade, respeito, liberdade e direito à vida e à preservação das culturas dos povos da floresta... Tudo isso veio com o fim da era petista, que encerrou seus 20 anos de mando no estado, sem concretizar o sonho socialista de Chico Mendes.
Apesar de usarem a frase “Chico Mendes Vive”, na prática suas ideias não seguiram adiante.
Um ideal destruído por iniciativas capitalistas, pintadas de verde e implementadas no estado com a alcunha de “Florestania”, que resultou em projetos de exploração florestal madeireira  e de todas as políticas de compensação ambiental e climáticas derivadas das falsas soluções do capitalismo verde e o descontrole total do uso racional das reservas (13% em toda Amazônia) em favor de criação de gado. 
A própria Folha de São Paulo, em matéria escrita ontem, 21, por Carazzai, relata que os ex-seringueiros deixaram de lado os sapatos feitos à base de látex e adotaram o estilo country, dada a invasão da criação de gado nas reservas acima do limite permitido, abrindo caminho para o sonho da Hilux e de um padrão de vida bem acima do que ofereciam os fracassados programas de subsídios da borracha e da castanha em décadas passadas.
Finalmente, passados 30 anos, qual o legado que a Frente Popular deixou para preservação do lendário Chico Mendes no imaginário da população do Acre? Não há dúvidas que uma casta ultra seleta conseguiu seus usufrutos, mas e o restante?
Se ao povo restou, como consolo, o nome de um Instituto (ICMBIO) e de outros inúmeros logradouros públicos espalhados mundo afora, quem dera que ele pudesse ressuscitar e cobrar a prestação de contas de muitos!
Infelizmente, nem todas as flores do mundo, depositadas em seu mausoléu, seriam suficientes para perdoar os malfeitores que deixaram o “melhor projeto” de lado para atender as demandas imperialistas.
Resta saber, no futuro, se até 2120 algo revolucionário fará do bilhete do “militante”, “herói da floresta”, “Chico rei”, “líder dos empates”, uma realidade... Porque, por enquanto, nos resta apenas lê-lo:
“Atenção jovem do futuro, 6 de Setembro do ano de 2120, aniversário ou centenário da Revolução Socialista Mundial, que unificou todos os povos do planeta num só ideal e num só pensamento de unidade socialista que pôs fim a todos os inimigos da nova sociedade. Aqui fica somente a lembrança de um triste passado de dor, sofrimento e morte. Desculpem… Eu estava sonhando quando escrevi estes acontecimentos; que eu mesmo não verei mas tenho o prazer de ter sonhado Bilhete de Chico Mendes, escrito em 1988, ano de seu assassinato”.