A ENCHENTE DO RIO ACRE E O DILEMA DOS DESABRIGADOS
Todos os anos de janeiro a
fevereiro os assuntos mais badalados da mídia do Acre são: dengue, alagação, carnaval, compra de
material escolar, início das aulas, reajuste das mensalidades de escolas
particulares, IPVA, IPTU, reinício dos trabalhos legislativos, dentre outros. De
todos eles o mais badalado é o da enchente do rio acre e seus contratempos. Este
mostra o "lado benevolente de toda a estrutura do Estado" e ainda rende votos. Ou
seja, é mais fácil decretar estado de emergência e fazer compras sem licitação
do que combater o problema em sua raiz.
É mais cômodo e politicamente favorável mobilizar
toda a estrutura da máquina e voluntários da sociedade civil para garantir num único
pacote: assistência médica, salas de leitura, lazer, jogos, inúmeras refeições
durante o dia; doações de bens e outros serviços do que dar um basta nesta
dinâmica. Onde está um plano de governo em longo prazo para reduzir a zero os
moradores das áreas de risco?
É claro que estamos falando de uma herança maldita
que se arrasta anos a fio e nenhum administrador e nem um partido encarou. Todos
conhecem as causas e até ensaiam uma mudança, mas as providências caminham a
passos de tartaruga.
E pior, às margens dos rios, dos igarapés e dos esgotos
ainda ocorrem ocupações de moradias irregulares que continuam a desafiar o
poder público. “Existe uma covardia” de encarar a “indústria do mercado
imobiliário” que nunca reduz o déficit de moradias.
No entanto, enquanto milhares de pessoas aguardam
as casas populares que são entregues em pequenos lotes mal construídas, outros
já colocam à venda ou para locação suas casas conforme denunciado ano a ano nos
meios de comunicação e ciclo volta novamente. O retorno pra área que havia sido removida. Onde está o poder do Estado?
Enfim, se os administradores do PT saíssem do
poder ao final do ano de 2014, qual teria sido a contribuição dada em 16 anos
para reduzir drasticamente as moradias irregulares às margens do rio ou das
áreas inundáveis? Se disserem que fizeram muito, apresentem em percentuais
quanto ao número absoluto de vítimas. Que tal?
O que não dá é esse vai e vem de famílias ano a ano
sem vislumbrar uma esperança de novo horizonte. Da maneira como sempre vem
sendo feito, traz sempre desgastes das pessoas; perdas materiais e o transtorno
de estar fora do lar com retorno incerto para suas casas.
Precisamos lutar pela dignidade de toda população
vítima das enchentes e que a cada um seja garantido o direito a moradia segura
e não tão somente ações imediatistas para dar um agrado temporário e no ano seguinte
padeçam do mesmo castigo. MORADIA DIGNA JÁ PARA OS SEM TETO E OS MORADORES DE
ÁREA DE RISCO!
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